segunda-feira, 11 de julho de 2011

- parei de viver o tempo, pratico instantes!

_ do tempo, as contingências _



alquimia de pedras e incertezas, é sal e vinagre
na homilia das horas, a construir-me pelo avesso
lavratura do tempo, em sua cor ferrugem e acre


milhas de letras dos dias escritas em meu rosto
que a vida com sua afiada adaga riscou com calma
enquanto toca suas mãos rudes em meu corpo


a palavra é esta dor, chumbo derretendo-me
que atravessa impetuosa a moldura vazada da alma
e, todas as predestinações acontecendo-me


submissa, levo os dias restantes neste precipício
sem qualquer pegada, sem marcas, sem lastros

o poema que escrevo, jamais termina
a inexorável finitude em cada verso rumina
revel de mim segue seu próprio rastro


 do tempo nenhuma unidade se apura, é ruptura incessante:
- parei de viver o tempo, pratico instantes!

nanadeabrãomerij